Hoje em dia, o burro é, em Portugal, um animal em perigo de
extinção. No entanto era, ainda há pouco tempo, o mais precioso auxiliar dos camponeses
e pequenos proprietários rurais, já que desempenhava quase todas as funções em
que, entretanto, foi substituído pelas bicicletas, motorizadas e automóveis e atrelados de motocultivadores
e mini-tractores.
De facto, o burro era meio de transporte de pessoas e bens e
tanto servia para levar o dono ao mercado como, equipado com cangalhas ou seirões,
ou atrelado ao carro, transportar toda a casta de bens.
Ao que parece, originário da África do norte, o burro está domesticado
há cerca de 5.000 anos e espalhou-se por toda a bacia mediterrânica e, levado
por portugueses e espanhóis, pelas Américas.
Oatman, antiga cidade mineira do Arizona, nos Estados Unidos
da América, será, aliás, o único lugar do mundo onde os burros não correm
riscos de extinção: Interrompida abruptamente a exploração mineira de prata,
Oatman foi abandonada pelos seus habitantes e, os burros dos mineiros foram,
igualmente, abandonados.
Os animais, assilvestrados, fazendo juz à resistência e
frugalidade da espécie, conseguiram sobreviver naqueles difíceis terrenos
semi-desérticos e vagueiam, às dezenas, pelos campos e pelas ruas e, gozando de
adequada protecção legal, tornaram-se
uma atracção turística para os muitos viajantes da velha Route 66. (pode ver no
Youtube vários vídeos sobre os burros de Oatman).
Mas, por cá, estão mesmo em risco de extinção e, na Ataíja
de Cima, sobram dedos da mão para contar os que subsistem.
Daí, a minha dificuldade em um brunil para fotografar,
o que só há alguns dias consegui:
Brunil s.m. - O colar, em forma de ferradura, feito de couro, com enchimento de
palha, que se coloca no cachaço (pescoço) do burro para, sobre ele, assentar a canga do
carro.
Notas:
A palavra brunil, com a qual, na Ataíja de Cima, designamos esta peça, não consta de nenhum dos dicionários consultados - DPLP, Houaiss ou José Pedro Machado.
A palavra brunil, com a qual, na Ataíja de Cima, designamos esta peça, não consta de nenhum dos dicionários consultados - DPLP, Houaiss ou José Pedro Machado.
Em S. Brás de Alportel ouvi chamar-lhe bolim mas essa é palavra que os dicionários Priberam e José Pedro Machado também não reconhecem. O Houaiss reconhece bolim mas dá-lhe significado muito diferente. É, diz, a bola menor no jogo da bocha, sendo bocha um jogo de lançar bolas contra outra mais pequena, à semelhança da laranjinha ou da petanca.
Palavra parecida é molim, que o Priberam diz que é o nome que no Alentejo e no Algarve se dá a uma "espécie de almofada ou chumaço em que assenta a canga dos bois ou o cangalho dos cavalos".
Para J. P. Machado molim é, sem mais, "almofada em que assenta a canga".
Para J. P. Machado molim é, sem mais, "almofada em que assenta a canga".
Estou muito curioso de saber como tal objecto, o brunil, se designará noutros
lugares de Portugal.
Haverá um leitor bondoso que nos queira ajudar?
PS: Este texto foi inicialmente publicado em 09-04-2012, revisitando-o agora, em 2024, confirmo que, poucos anos depois de publicado o texto inicial, desapareceu o último burro de quatro patas que houve na Ataíja de Cima.
No Baixo Alentejo e no Algarve (e no dicionário Priberam) ao brunil chamam molim
ResponderEliminar"Eu ainda sou do tempo" em que na Rua das Seixeiras tinham burro o Arnaldo, o Zé Delfino, o Zé Gualdino, o Joaquim Luís e o Zé Tunante (estes dois últimos se não me atraiçoa a memória...)
ResponderEliminarE de ver uma junta de bois, creio que do Manel Delfino, gradar o quintal da Piedade Félix…
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